Maranhão sedia o II Encontro Norte-Nordeste de Informática Inclusiva
Apresentação do Quimivox |
Sob a
realização da Associação dos Deficientes Visuais do Maranhão - ASDEVIMA e do
Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
foram apresentados métodos, recursos e instrumentos de inclusão digital que
proporcionam a integração social de pessoas com deficiência visual (NVDA,
Dosvox e outros softwares específicos).
Após seu retorno do evento, o Prof. José Antonio Borges encaminhou
uma comunicação à comunidade Dosvox sobre a importância da realização do Encontro
Norte/Nordeste.:
“Olá amigos,
Quero aqui falar sobre um aspecto particular deste evento. Ele me
deixou claro, inequívoco, que vivemos em um país de contrastes.
Nós vemos hoje, na região sul e sudeste, especialmente, um
avanço
enorme na Informática para cegos. Não é apenas o Dosvox que se tornou
realidade, mas um imenso arsenal de sistemas e equipamentos que
modificaram a vida de milhares de pessoas cegas e com baixa visão, e
isso aconteceu em menos de 20 anos. Mas os problemas que existem
aqui, são totalmente distintos dos problemas encontrados nas cidades
do interior do Norte e Nordeste.
enorme na Informática para cegos. Não é apenas o Dosvox que se tornou
realidade, mas um imenso arsenal de sistemas e equipamentos que
modificaram a vida de milhares de pessoas cegas e com baixa visão, e
isso aconteceu em menos de 20 anos. Mas os problemas que existem
aqui, são totalmente distintos dos problemas encontrados nas cidades
do interior do Norte e Nordeste.
Nos últimos encontros Dosvox, em especial no último,
realizado no
Rio de Janeiro, pudemos constatar que a ação precisa ser diferenciada,
ou o avanço conseguido por uma enorme massa de cegos do sul e sudeste
não alcançará uma quantidade muito maior de pessoas que ainda estão
totalmente desinformadas e desassistidas tecnologicamente.
Rio de Janeiro, pudemos constatar que a ação precisa ser diferenciada,
ou o avanço conseguido por uma enorme massa de cegos do sul e sudeste
não alcançará uma quantidade muito maior de pessoas que ainda estão
totalmente desinformadas e desassistidas tecnologicamente.
Enquanto muitos dos cegos de cidades como Rio, São Paulo,
Recife ou
Campinas vivenciam a pujança tecnológica, as múltiplas e caras opções
que são hoje dadas aos deficientes visuais, muitos dos cegos de
cidades como São Luís, sequer são alfabetizados porque suas famílias
temem que ao dar-lhes estudo, farão com que percam seu benefício único
que sustenta a família.
Campinas vivenciam a pujança tecnológica, as múltiplas e caras opções
que são hoje dadas aos deficientes visuais, muitos dos cegos de
cidades como São Luís, sequer são alfabetizados porque suas famílias
temem que ao dar-lhes estudo, farão com que percam seu benefício único
que sustenta a família.
De certa forma, então, eu me sinto frustrado em não poder
oferecer
àquelas pessoas o que é importante para elas, e que não é a
super-informática, os últimos avanços tecnológicos, a computação em
nuvem, a comunicação em altíssima velocidade, a virtualização que tudo
consegue modificar, mas sim, a computação mais simples, mais social,
mais pedagógica, com o olhar cultural, com a percepção de que a
defasagem existe e que pode ser minimizada com ações concretas. Em
muitas cidades há cegos que nunca viram um computador falante.
Inúmeros professores de muitas regiões estão muito desinformados de
quanto o computador pode ajudar a uma pessoa com deficiência visual, e
qual é seu papel neste processo. Muitos políticos que poderiam
exercitar ações socializantes com o uso da informática e da internet
para deficientes visuais não o fazem por total desconhecimento do que
pode ser feito e na vantagem imensa que isso traz.
àquelas pessoas o que é importante para elas, e que não é a
super-informática, os últimos avanços tecnológicos, a computação em
nuvem, a comunicação em altíssima velocidade, a virtualização que tudo
consegue modificar, mas sim, a computação mais simples, mais social,
mais pedagógica, com o olhar cultural, com a percepção de que a
defasagem existe e que pode ser minimizada com ações concretas. Em
muitas cidades há cegos que nunca viram um computador falante.
Inúmeros professores de muitas regiões estão muito desinformados de
quanto o computador pode ajudar a uma pessoa com deficiência visual, e
qual é seu papel neste processo. Muitos políticos que poderiam
exercitar ações socializantes com o uso da informática e da internet
para deficientes visuais não o fazem por total desconhecimento do que
pode ser feito e na vantagem imensa que isso traz.
Prof. Antonio Borges em São Luís |
petulância de se candidatar a vereância de uma pequena cidade, e que
foi sumariamente recusado por ser analfabeto e cego. E este mesmo
cego perdeu a paciência e usou o Dosvox para aprender a ler, sozinho,
sem ninguém na cidade para ajudar. Eu nunca acreditei que isso fosse
possível, até que vi um homem me contar sua história, e depois
contá-la em plenário, arrancando lágrimas da platéia por perceberem a
importância do Dosvox no interior do país é transcendental, e que nós
nunca demos importância às pessoas cegas que lá vivem, onde a cultura
é só um longínquo eco, e o computador um sonho impossível. Esse mesmo
cego que hoje não quer mais ser vereador, entendendo que pode prestar
muito melhor serviço fundando uma associação de assistência, educação
e desporto para cegos numa imensa região em que não há nada,
absolutamente nada, para deficientes visuais.
Senti imensa falta de mais professores, gestores e
políticos, e tive a
nítida impressão de que nós, neste momento, mesmo em eventos de grande
visibilidade, estamos direcionando nossas ações apenas para quem já
conhece e participa da história de transformação dos cegos. Nós nos
esquecemos de quem não conhece ainda nada de progresso da cultura
tiflológica, não teve sua vida mudada pela tecnologia, e com
frequência, não acredita que os cegos tenham algum papel a cumprir, a
não ser receber o BPC que sustenta a família pobre.
Me refiro não apenas às ações capitaneadas pelo projeto Dosvox, mas a
todas as instituições formais de ensino, a todos os professores que
podiam estar mudando o patamar da vida de tanta gente, de todos os
gestores que podiam estar promovendo ações educativas, de treinamento
e de multiplicação sobre tecnologia assistiva, e de todas as
instituições formais de apoio a cegos que poderiam, mas não promovem,
ações de disseminação da escrita braille e da tecnologia assistiva.
Não fazem, frequentemente, não porque não queiram, mas porque têm
noção de que o acesso à educação amplificada pela computação, pode
alavancar de forma total o potencial de tantos indivíduos no nosso
país.
Posso me exprimir aqui de forma utópica, mas sinto que é preciso mudar
isso: precisamos falar com cada pessoa que possa multiplicar as idéias
de progresso para os cegos do interior, levando um mínimo de
informação sobre a escrita Braille e sobre o Dosvox (que em algum
momento devem ser também associados a outras tecnologias), na medida
em que podem ser promotores de ações que podem gerar profundas
transformações sociais em imensas regiões totalmente desassistidas.
nítida impressão de que nós, neste momento, mesmo em eventos de grande
visibilidade, estamos direcionando nossas ações apenas para quem já
conhece e participa da história de transformação dos cegos. Nós nos
esquecemos de quem não conhece ainda nada de progresso da cultura
tiflológica, não teve sua vida mudada pela tecnologia, e com
frequência, não acredita que os cegos tenham algum papel a cumprir, a
não ser receber o BPC que sustenta a família pobre.
Me refiro não apenas às ações capitaneadas pelo projeto Dosvox, mas a
todas as instituições formais de ensino, a todos os professores que
podiam estar mudando o patamar da vida de tanta gente, de todos os
gestores que podiam estar promovendo ações educativas, de treinamento
e de multiplicação sobre tecnologia assistiva, e de todas as
instituições formais de apoio a cegos que poderiam, mas não promovem,
ações de disseminação da escrita braille e da tecnologia assistiva.
Não fazem, frequentemente, não porque não queiram, mas porque têm
noção de que o acesso à educação amplificada pela computação, pode
alavancar de forma total o potencial de tantos indivíduos no nosso
país.
Posso me exprimir aqui de forma utópica, mas sinto que é preciso mudar
isso: precisamos falar com cada pessoa que possa multiplicar as idéias
de progresso para os cegos do interior, levando um mínimo de
informação sobre a escrita Braille e sobre o Dosvox (que em algum
momento devem ser também associados a outras tecnologias), na medida
em que podem ser promotores de ações que podem gerar profundas
transformações sociais em imensas regiões totalmente desassistidas.
Em síntese, em muitas regiões, o estágio das pessoas cegas
em relação
a informática é equivalente a pelo menos 10 anos atrás do que se
atingiu hoje em outras regiões. É preciso fazer algo para mudar isso,
e fazer já!
a informática é equivalente a pelo menos 10 anos atrás do que se
atingiu hoje em outras regiões. É preciso fazer algo para mudar isso,
e fazer já!
Um comentário. E a região centro-oeste? Esta
também deve merecer um
encontro regional e sei que isso vai acontecer. Confiamos em
importantes órgãos como, por exemplo, a Abedev, entre outras
associações situadas nesta importante região do Brasil, para que
igualmente façam florescer iniciativas como as do Norte-Nordeste, na
querida região centro-oeste.
Saio dali renovado, com a reiterada certeza de que a
missão do projeto Dosvox está apenas começando, e não terminando como
muitos teimam em afirmar.
encontro regional e sei que isso vai acontecer. Confiamos em
importantes órgãos como, por exemplo, a Abedev, entre outras
associações situadas nesta importante região do Brasil, para que
igualmente façam florescer iniciativas como as do Norte-Nordeste, na
querida região centro-oeste.
Saio dali renovado, com a reiterada certeza de que a
missão do projeto Dosvox está apenas começando, e não terminando como
muitos teimam em afirmar.
Parabéns, Paulo Roberto e Muniz, por terem assumido esta
importante missão. Contem comigo para o que der e vier, pois as
pessoas com deficiência visual não podem absolutamente ser divididas
naquelas que tudo podem e naquelas que estão totalmente ausentes do
que a tecnologia oferece em prol da melhoria de suas vidas.
importante missão. Contem comigo para o que der e vier, pois as
pessoas com deficiência visual não podem absolutamente ser divididas
naquelas que tudo podem e naquelas que estão totalmente ausentes do
que a tecnologia oferece em prol da melhoria de suas vidas.
Grande abraço, cheio de ternura e amor pelo nosso grande
Brasil, onde
há tanto que fazer.
Antonio Borges”
há tanto que fazer.
Antonio Borges”
Nenhum comentário:
Postar um comentário